O livro é passaporte, é bilhete de partida.
Bartolomeu Campos de Queirós

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Quintana e Lili inventam o Mundo

Velha História

Era uma vez um homem que estava pescando, Maria. Até que 
apanhou um peixinho. Mas o peixinho era tão pequenininho
e inocente, e tinha um azulado tão indescritível nas escamas, que
o homem ficou com pena.E retirou cuidadosamente o anzol 
e pincelou com iodo a garganta do coitadinho. Depois guardou-o 
no bolso traseiro das calças, para que o peixinho sarasse 
no quente. E desde então ficaram inseparáveis. Aonde o homem 
ia, o peixinho acompanhava, a trote, que nem um cachorrinho. 
Pelas calçadas. Pelos elevadores. Pelos cafés.Como era tocante 
vê-los no "17"! - O homem, grave, de preto, com uma das mãos 
segurando a xícara fumegante de moca, com a outra lendo 
jornal, com a outra fumando, com a outra cuidando do peixinho, 
enquanto este, silencioso e levemente melancólico, tomava 
uma laranjada com um canudinho especial...
Ora, um dia o homem e o peixinho passeavam a margem do rio, 
onde o segundo dos dois fora pescado. E eis que os olhos do 
primeiro se encheram de lágrimas. E disse o homem ao peixinho:
"Não, não me assiste o direito de te guardar comigo. Por que 
roubar-te mais tempo ao carinho do teu pai, da tua mãe, dos 
teus irmãozinhos, da tua tia solteira? Não, não e não! Volta para 
o seio da tua família. E viva eu cá na terra sempre triste!..."
Dito isso, verteu copioso pranto e, desviando o rosto, atirou 
o peixinho na água. E a água fez um redemoinho, que foi 
depois serenando, serenando... 
até que o peixinho morreu afogado...



Assista ao curta que foi criado a partir dessa narrativa poética.





Disponível originalmente em Porta Curtas.

Essa linda história e mais outras tantas estão publicadas no livro Lili inventa o mundo. Veja sinopse abaixo.


Poemas e mais poemas, frases, textos curtos e uma instigante viagem. Na bagagem, não esquecer de levar a imaginação e a sensibilidade. O próprio autor, Mario Quintana, na abertura do livro, dá o recado ao leitor: As pessoas sem imaginação podem ter tido as mais imprevistas aventuras, podem ter visitado as terras mais estranhas. Nada lhes ficou. Nada lhes sobrou. Uma vida não basta ser apenas vivida: também precisa ser sonhada. E assim, pelas mãos desse grande poeta, dono de um discurso poético da mais alta qualidade, a rotina, as coisas simples, os pequenos acontecimentos do dia-a-dia, a natureza, as pessoas, os animais são reinventados, saem do lugar comum. O Inverno é um vovozinho trêmulo, com a boina enterrada até os olhos, a manta enrolada nos queixos e sempre resmungando: "Eu não passo deste agosto, eu não passo deste agosto..." A leitura de Lili Inventa o Mundo coloca a criança e o leitor de qualquer idade diante da possibilidade de viver a experiência de sonhar.

Leia a dissertação de Vânia Marta Espeiorin, Educação pelo poético: a poesia na formação da criança, que pesquisou sobre a obra Lili inventa o Mundo.

Um comentário:

  1. Eu li esse livro e gostei muito ....É porque quando vc lê esse livro vc entra no mundo desconhecido e dirvetido ou seja você entra no mundo da imaginação!!!!!!!!!!!!

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